16 anos sem Cobain, 8 sem Staley

Cinco de abril: talvez essa data seja uma das mais tristes para o Rock. Ao menos para a geração que consumiu a música criada na década de 90. Duas lendas do grunge, subgênero consagrado no período em questão, morreram em 05 de abril.

Em 1994, o mundo dava adeus a uma das figuras mais emblemáticas e influentes do Rock, provavelmente o roqueiro de maior destaque dos últimos 20 anos, Kurt Cobain, líder do Nirvana.

Oito anos depois de Cobain ter enfiado uma espingarda na boca e puxado o gatilho, o vocalista do Alice In Chains, Layne Staley, foi encontrado morto em seu apartamento. Vítima de overdose acidental de speedball (coquetel de cocaína com heroína), Staley já estava apodrecendo, literalmente, quando foi achado. O fato curioso é que as circunstâncias das mortes de ambos os músicos foram parecidas.

Antes de cometer suicídio, Kurt andava desaparecido há algum tempo. Três dias após ter tirado a própria vida, um eletricista foi realizar um serviço na mansão da família Cobain. Ele foi a primeira pessoa que presenciou aquela fatídica cena; um amigo de Staley sentiu sua falta e foi até o apartamento do cantor. Chegando lá, notou um cheiro estranho que saía do local. Não teve dúvidas e, imediatamente, chamou a polícia. Naquele 20 de abril, quando as autoridades arrombaram a porta, lá estava o corpo de Staley sentado no sofá, em decomposição há cerca de duas semanas. Ao lado, objetos para o preparo e consumo de heroína indicavam a causa da morte.

Passados 16 anos da ausência de Kurt Cobain, fãs ainda sentem sua falta e lembram daquele jovem rapaz, responsável pela mudança de comportamento de uma geração inteira. Mesmo que o líder do Nirvana jamais tivesse pretendido atingir o nível de representação que sua imagem alcançou, ele atingiu. Fato é que, no dia de hoje, “nirvanamaníacos” acordaram tristes e pensativos. O clima fúnebre - e ao mesmo tempo lindo - presente tanto no cenário quanto nas músicas tocadas durante o Acústico MTV está em evidência dentro dos corações dos admiradores de Cobain.

Apesar de o peso dado pela imprensa a Layne Staley ser extremamente inferior do que o concedido a Kurt Cobain, a relevância do artista é igualmente grandiosa. Considerado um dos mais talentosos vocalistas da década de 90, Staley enfrentou inúmeros problemas em razão de seu excessivo consumo por drogas, especialmente pela heroína. Outra grande dificuldade vivida pelo cantor, talvez a mais trágica delas, foi o falecimento de sua namorada, Demri Parrott Murphy, vítima de overdose de heroína, em 1996. A partir deste fato, possivelmente, o brilho da carreira musical de Layne tenha se apagado, pois ele se tornou ainda mais recluso e depressivo, gravando apenas duas músicas inéditas, “Get Born Again” e “Died”, em 1998, e não realizando nenhuma apresentação ao vivo ao lado do Alice In Chains.


“Sei que estou perto da morte. Eu usei crack e heroína por anos. Nunca quis terminar minha vida desta maneira...”, trecho da última entrevista concedida por Layne Staley, três meses antes de sua morte



“Há muitos anos eu não venho sentindo excitação ao ouvir ou fazer música, bem como ao ler ou escrever. Minha culpa por isso é indescritível em palavras... é melhor queimar do que se apagar aos poucos...”, trecho da carta escrita por Kurt Cobain momentos antes do suicídio



por Bruno Gazolla