quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Resenha: Dee Dee Ramone - "Coração Envenenado: Minha Vida com os Ramones"


Essa resenha foi originalmente publicada no site da TV ROCK, em 20/01/2009.


Uma vida que começou nos destroços da Berlim nazista; seu pai era um primeiro-sargento bêbado, fraco e egoísta, que tinha 21 anos a mais que sua mãe; sua progenitora também era alcoólatra e sofria de explosões emocionais constantes contra tudo e todos; aos doze anos de idade, já se achava um fracassado e acreditava que não haveria futuro para si mesmo; em sua adolescência, na conturbada Nova Iorque, conheceu um submundo sem volta, que mais tarde o levaria à overdose; ele passou de um simples garoto que adorava os Beatles a um dos ícones da história do punk mundial.

No início dos anos 70, o desconhecido Douglas Colvin estava entediado da disco music que tomava conta da "cena", e das roupas glitter, que nada tinham a ver com o estilo daquele garoto rebelde e esquisito. Nessa época, ele conhece as figuras mais estranhas do bairro em que morava – Forest Hills – e descobre que algo excêntrico – naquele momento - os uniria de uma vez por todas: o amor pela banda dos irmãos Asheton e do Iggy Pop, Stooges.

Em 1974, estava formada uma das bandas mais importantes da história da música: os Ramones. Dentre muitas revelações no livro, Dee Dee Ramone conta que o nome foi tirado do pseudônimo que Paul McCartney, em uma tentativa de despistar os fãs e a imprensa, usava na época em que os Beatles excursionavam na Europa; quando os Ramones tocaram no CBGB’s pela primeira vez, na passagem de som, tinham que tomar cuidado para não pisarem na merda de rato e de cachorro que havia no chão; assim que se entrava no local, o cheiro de cerveja fermentado era insuportável e não havia banheiro, ou seja, o público urinava onde estivesse.

Em 1989, Dee Dee estava doente e afundado nas drogas. Ele não agüentava mais as ordens de Johnny Ramone – visto como o "general" da banda – e as inúmeras brigas que tomavam conta do relacionamento entre os quatro Ramone. Para Dee Dee, tocar nos Ramones já havia se tornado algo como um “emprego odioso” e não o atraía mais.

Infelizmente, o baixista dos Ramones percorreu a estrada para o abismo e se tornou viciado em heroína. Uma carreira inigualável que, depois de 15 anos de estrada com a banda, com enorme reconhecimento internacional, 11 álbuns lançados - isso sem falar nos projetos solo -, shows memoráveis pelos quatro cantos do planeta, prêmios e discos de ouro ao longo da jornada - alcançado o Hall Of Fame três meses antes de sua morte - teve um trágico final em junho de 2002.

Coração Envenenado: Minha Vida Com Os Ramones é uma autobiografia sem frescuras, sincera e direta, assim como as obras-primas ramônicas registradas em nossas mentes. É como se você pegasse um disco ao vivo da banda e ouvisse a famosa contagem "One, Two, Three, Four" de Dee Dee emendando uma porrada atrás da outra. Altamente recomendado para fãs da verdadeira escola Punk Rock e para qualquer tipo de admirador do bom e velho Rock ’n’ Roll!


por Bruno Gazolla

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