quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Resenha: Dead Fish - "Contra Todos"



Essa resenha foi originalmente publicada no site da TV ROCK, em 12/02/2009.

Após três anos de silêncio, os capixabas do Dead Fish lançam material novo. É verdade que o esperado Contra Todos não mostra uma grande evolução se comparado aos dois trabalhos anteriores, Zero e Um (2004) e Um Homem Só (2006), mas se tratando do recente momento musical, não podemos deixá-lo passar despercebido.

Infelizmente, desde o contrato com a Deckdisc, em 2004, eles deixaram de ser uma "escola" para o Hardcore nacional e se tornaram apenas "só mais uma" banda. Trilharam um caminho reverso: agora são eles que seguem os passos de bandas que influenciaram anteriormente (irônico, não?) - ao contrário do que acontecia nos primeiros álbuns, Sirva-se e Sonho Médio, quando eram referência no assunto. Aliás, este último é um dos melhores discos de Hardcore Melódico do nosso país.

Mais uma vez a produção ficou por conta de Rafael Ramos, mesmo produtor da Pitty, que já havia produzido os dois antecessores de I. Este álbum é um marco na história da banda: jamais haviam trabalhado apenas com um guitarrista, mesmo assim, Philippe segura o posto muito bem e faz com que o ouvinte não sinta falta de duas guitarras; este é o último disco de um dos fundadores do grupo, o baterista Nô. Marcos, do Ação Direta, assume as baquetas daqui pra frente.

Na ótima "Autonomia", séria candidata a melhor música do álbum, Rodrigo mostra um vocal forte, em certos momentos chega a ser berrado. A letra de "Venceremos" é um convite à revolução pessoal de cada um. Isso mostra que o lado político da banda ainda existe e que rótulos "emotivos" são injustos (grande música!, grande letra!). Do início ao fim, o trabalho de guitarras de Philippe é muito interessante, no entanto, "Quente" é o maior exemplo de que os capixabas não mais necessitam de dois guitarristas. Duvida? Então ouça! "Não", "A Dialética" e, principalmente, "Shark Attack" nos remetem aos bons tempos de Sirva-se: Hardcore Melódico direto e rápido – não confunda HC Melódico com "emoções exageradas e chorosas", ok?

O novo disco do Dead Fish é forte e intenso até certo ponto, entretanto, as cinco últimas faixas soam repetitivas e cansativas, pois não acrescentam momentos relevantes ao trabalho. Músicas como "Descartáveis" e "Tupamaru" fazem com que eles percam a intensidade até então apresentada. É por esse motivo que Contra Todos está longe de se tornar um referencial, como Sonho Médio.

Dezoito anos de carreira, seis álbuns na bagagem, e uma das poucas bandas do underground a assinar contrato com uma grande gravadora fazem do Dead Fish um dos grupos mais respeitados dentro do cenário brasileiro. Contudo, os fãs esperavam um pouco mais do novo trabalho.


por Bruno Gazolla

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