quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Resenha: Circle Jerks - Eazy Club - São Paulo_07/03/2009




Essa resenha foi originalmente publicada no site da TV ROCK, em 07/03/2009.

Qualquer fã de Hardcore que se preze deveria ter comparecido a esse show! Uma aula de como se faz o verdadeiro HC! Sem contar o carisma impressionante que Keith Morris demonstrou durante todo o espetáculo.

Nos 30 anos de carreira do grupo, esta foi a primeira vez que a América do Sul foi privilegiada com um dos maiores shows de HC já vistos. Além das duas apresentações no Brasil, em São Paulo e Porto Alegre, o Circle Jerks também deu o ar da graça na Argentina e no Chile.

O atual Eazy Club, que antigamente atendia pelo nome de Broadway, já abrigou célebres apresentações de bandas como, Dead Kennedys, Agnostic Front e Bad Brains. E é claro que o 1º show dos Jerks no Brasil não poderia passar despercebido por ilustres figuras que compõem a história do nosso movimento punk: Redson do Cólera e Ariel dos Restos de Nada/Invasores de Cérebros estavam presentes para prestigiar a "aula" que seria dada no palco.

Com pouco menos de 30 minutos antes do início do espetáculo, eis que surge a lenda viva do Hardcore mundial, ninguém menos que Mr. Keith Morris, com seus "pequenos" dreadlocks que chegavam à altura dos joelhos, compareceu no palco para colar o set list no chão e cumprimentar os fãs que estavam à frente. Um ato de uma humildade impressionante, daqueles que só vemos em shows hardcore mesmo.

Após saudar o público presente, o Circle Jerks entrou de forma magistral quebrando tudo com o old school potente de "Question Authority", seguida da empolgante "Letter Bomb", ambas do segundo álbum, Wild In The Streets. Para abrir de vez o set e exaltar ainda mais a veia old school da banda, os caras mandaram "In Your Eyes"; "Star And Stripes" veio celebrar a tradicional emenda. As rodas já estavam pra lá de insanas quando o primeiro grande clássico dos californianos veio à tona: "All Wound Up" foi cantada estrondosamente por todos os fãs.

O baterista Kevin Fitzgerald e o baixista Zander Schloss fizeram seus papéis com tranqüilidade, foram os mais discretos da noite. Não que isso apague o brilhantismo com que executaram as músicas, mas, Schloss praticamente não saiu do lugar – bem que ele poderia ser mais animado, não é mesmo? Já Greg Hetson, que também toca no Bad Religion, pulava sem descanso de um canto ao outro, como um adolescente que acabou de formar a sua primeira banda. A velocidade de seus riffs aliada a visível empolgação do guitarrista também merecem destaque. Como o calor era insuportável, o único momento em que o cara "desligava" era quando pegava copos de cerveja e virava em poucos segundos. No entanto, Keith Morris foi o maior destaque, pois o "tiozão" não parava um minuto sequer, provou que seu vocal continua forte e rasgado como nos maravilhosos tempos de Black Flag, além de ter usado e abusado do seu poder de orador: discursos inflamados, diálogos bem humorados com o público, reclamações e sarcasmo formaram um capítulo à parte na história do show.

Para delírio dos fãs, é claro que clássicos absolutos como "Beverly Hills", "I & I", "Wild In The Streets" e "Wasted" não poderiam ficar de fora da festa. Ninguém esperava por "I’m Gonna Live", mas antes da execução desta, Keith alertou que os fãs podem encontrá-la no Myspace da banda [http://www.myspace.com/circlejerx]. Na sessão covers, eles nos presentearam com a ótima "Solitary Confinement", dos também californianos Weirdos, com "I Wanna Destroy You", dos ingleses The Soft Boys – nesta música, Morris queria falar e a galera continuava cantando o refrão, ele se irritou e simplesmente xingou o público diversas vezes e mandou que se calasse -, e a mais inusitada da noite, "Fortunate Son", por incrível que pareça é aquela mesmo do Creedence Cleawater Revival, faixa que você encontra no álbum de 1987, VI.

Assim como no Chile e na Argentina, eles se recusaram a tocar "Making The Bombs", no entanto, o público era unânime na pedida desse grande clássico. Morris sentiu que a galera queria ouvir essa música de qualquer forma e resolveu desabafar: "É melhor deixar as bombas nos EUA! Aqui, no Brasil, nós queremos nos divertir, beber, dançar..." Em "When The Shit Hits The Fan", o tiozão dos dreads enormes fez questão de dar algumas "reboladinhas", que renderam belas gargalhadas dos fãs. A introdução de "Junk Mail" foi executada enquanto ele fazia mais um de seus apimentados discursos e, é óbvio que a banda toda tomou um belo esporro. Resultado: Greg, Zander e Kevin tiveram que escutar silenciosamente o restante do discurso e tocar novamente a música.

Após presenciar uma hora do verdadeiro hardcore, a galera presente não esperava que o bis seria tão grandioso quanto o show em si. Difícil imaginar que seríamos presenteados com clássicos que serviram de influência não só para um novo estilo que surgia dentro do Rock - no final dos anos 70 e início dos 80 -, mas também um estilo de vida que influenciou milhares de jovens rebeldes por todo o planeta. Difícil imaginar que o Circle Jerks voltaria ao palco para lançar, além de "Red Tape", quatro petardos que marcaram a história e a cultura de uma geração que não estava satisfeita com o mundo em que vivia. "Revenge", "Gimme Gimme Gimme", "Depression" e "Nervous Breakdown" do inigualável Black Flag na voz do primeiro vocalista da banda, Keith Morris, finalizaram esse momento histórico que jamais sairá dos nossos corações.

Até agora não consigo acreditar que os meus olhos viram Keith Morris cantando Black Flag... obrigado, Deus!



SET LIST_CIRCLE JERKS / EAZY CLUB (SÃO PAULO) – 07/03/2009

1. Question Authorithy
2. Letter Bomb
3. In Your Eyes
4. Stars and Stripes
5. All Wound Up
6. I Don’t
7. Back Against The Wall
8. Behind The Door
9. I Just Want Some Skank
10. Beverly Hills
11. Anxious Boy
12. I’m Gonna Live
13. I & I
14. Solitary Confinement [cover Weirdos]
15. Deny Everything
16. I Wanna Destroy You [cover The Soft Boys]
17. The Crowd
18. Beat The Senseless
19. Wild In The Streets
20. Coup d’ État
21. Fortunate Son [cover Creedence Cleawater Revival]
22. When The Shit Hits The Fan
23. Junk Mail
24. World Up My Ass
25. Wasted

BIS:

26. Red Tape
27. Revenge [cover Black Flag]
28. Gimme Gimme Gimme [cover Black Flag]
29. Depression [cover Black Flag]
30. Nervous Breakdown [cover Black Flag]


por Bruno Gazolla


NOTA: Por motivos particulares, infelizmente a equipe da TV ROCK não conseguiu chegar antecipadamente ao local e presenciar os shows das bandas de abertura: Bandanos e Nitrominds.

2 comentários:

  1. Escreve mto hein.... Parabéns. Da até gosto vir aqui.

    beijos

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  2. Muito obrigado!

    Apesar de não saber quem você é, fico feliz com o elogio... rs

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