segunda-feira, 21 de junho de 2010

Resenha: Richie Ramone and Friends - Clash Club - São Paulo - 11/06/2010


Noite gelada em São Paulo. O calendário aponta dia 11 de junho. Mesma data que África do Sul e México duelam entre si, dando início ao 19º Mundial de futebol.

Órfãos dos Ramones das mais variadas regiões da capital paulista se aglomeram nos arredores da rua Barra Funda, onde está localizada uma das casas de shows mais organizadas e bem estruturadas de São Paulo, a Clash Club.

O alvo da inusitada reunião dos ramonemaníacos é um dos ex-bateristas dos criadores do punk rock, Richie Ramone. Era possível visualizar centenas de veteranos e jovens trajados com o peculiar “uniforme” ramônico: calça jeans surrada, tênis sujo, jaqueta de couro, camiseta do grupo e cabelo “tijelinha”.

Richard Reinhardt tocou com alguns dos mestres da originalidade durante cinco anos. Em suas baquetas, a árdua tarefa de substituir as de Marky Ramone. No período em questão, gravou os discos Too Tough To Die (1984), Animal Boy (1986) e Halfway to Sanity (1987). No longínquo 1987, ano em que o quarteto pisou em terras sul-americanas pela primeira vez, era Richie quem assumia a bateria.

Passadas mais de duas décadas, eis que o músico resolve retornar ao Brasil para prestar uma homenagem ao saudoso Joey Ramone que, infelizmente, nos deixou em função de um câncer no sangue, em abril de 2001. No show tributo, um convidado mais que especial também deu as caras: Mickey Leigh, ninguém menos que o irmão caçula de Joey.

Além da apresentação, houve uma comemoração à abertura da Joey Ramone Place, localizada no Rio de Janeiro. Durante o evento, telões e vídeos exaltavam o nome da loja e a marca criada para, dentre outras coisas, arrecadar fundos com o objetivo de auxiliar favelas.

Poucas bandas no Brasil atingiram o nível de fanatismo que o Ramones conseguiu e, curiosamente, ainda consegue. Mesmo com os quase 15 anos da dissolução do grupo nova-iorquino, um mero ex-integrante, que nunca foi considerado um dos mais carismáticos membros da banda, tem o poder de atrair diversos fanáticos.

Apesar do visível despreparo e da falta de harmonia entre os músicos que tocavam com Richie e Mickey, sobretudo o guitarrista Fernando, do chatíssimo Fox Hound, a alegria do público era notória em cada música executada.

É verdade que o set foi bastante curto, com pouco menos de uma hora, mas a satisfação de ver um autêntico ramone em carne e osso, além do irmão de Joey, é absolutamente indescritível em palavras.

Por isso, não quero citar música a música, como costumeiramente faço. Gostaria que a memória desse show fosse baseada no momento mágico e divertido ao qual eu, acompanhado de outros amantes da fórmula infalível dos três acordes, fui submetido no dia 11 de junho.

Os Ramones - não importa qual integrante - são e serão eternamente lembrados com enorme carinho e respeito por todos os seus fãs, especialmente pelos brasileiros. Descanse em paz, Joey... Sentimos a sua falta...


Set List:

Blitzkrieg Bop
You’re Gonna Kill That Girl
Can’t Say Anything Nice
Somebody Put Something in my Drink
Something To Believe In
I Want You Around
I Just Wanna Have Something To Do
My Brain is Hanging Upside Down (Bonzo Goes to Bitburg)
Rock and Roll High School
Rockaway Beach
Life’s a Gas
Danny Says
Sheena is a Punk Rocker
I Wanna be Sedated [bis]
What a Wonderful World [bis]

por Bruno Gazolla

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